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vamos falar sobre o dia da mulher


Eu nunca levantei bandeira do feminismo. Isso porque eu acho que esse termo carrega tudo de bom e tudo de mau ao mesmo tempo. Eu não me identifico com vários atos tachados de feministas, com vários pensamentos de ícones feministas, entre outras coisas. Acho um rótulo pesado, mas que tem ganhado bastante espaço nos últimos tempos. Ainda bem. Porque mesmo que eu não goste muito do termo, tenho que admitir que ele vem abrindo o caminho para discussões de gênero que são tão, mas tão importantes na nossa sociedade.

Quem me acompanha no Facebook volta e meia pode ver alguns posts meus (posto textão mermo) com desabafos sobre os assédios que eu (e todas as mulheres do mundo, isso, MUNDO) sofrem diariamente nas ruas. Há um tempo eu decidi que preciso fazer a minha parte diante desse cenário, e venho respondendo aos homens com o objetivo de constranger mesmo. Ouvir seus “fiu-fius” calada estava a ponto de me dar uma úlcera, então resolvi que ia falar. E falo mesmo. E falo sempre. Andando, pedalando, no ônibus, onde for. Respondo dizendo que isso é assédio e que um dia ele pode ser preso por isso, que mulheres não gostam desse tipo de “elogio”, que isso agride e incomoda. E as reações são as mais diversas. Aqueles que fingem que não falaram nada, aqueles que dizem que eu tô doida por não gostar de ser chamada de linda, aqueles que agressivam dizendo que “é gostosa mesmo e tem que ouvir”, entre outros mil. Mas uma coisa eu tenho certeza: eles não esquecem.

Dia desses voltava de uma farra de taxi, já de manhã, e reparei que o taxista buzinava para as mulheres que passavam na rua e dava aquela boa e velha SECADA. E isso foi me incomodando muito até que eu perguntei “porque o senhor buzina para as mulheres na rua?”, e esse homem gaguejou tanto pra dizer que conhecia aquela mulher, que era amiga dele, mas que ela nunca veria ele e porque o vidro era muito escuro, mas que depois ele ia dizer que buzinou e…. Pronto. Estava constrangido, envergonhado. E quando eu desci do taxi ainda disse “Não buzine mais para as mulheres não, isso é feio e elas não gostam”, e mesmo com ele repetindo “mas era amiga minha” eu só respondi mais “então guarde essa mensagem pra você” e fui embora. Ele vai parar de fazer? Provavelmente não. Mas ele vai lembrar disso, eu tenho certeza. E quanto mais mulheres responderem a ele, constrangerem ele, ele vai diminuir. Ao menos, tenho essa fé.

E eu sei o quanto pode ser perigoso reagir a um assédio. Mas sei também que é perigoso ouvir calada, porque isso dá cada vez mais poder a esse machismo violento. É de um assédio verbal que nascem outras formas de agressão, então perigoso mesmo é ficar calado. Não por você, mas por todas as mulheres. É assim que eu penso e é daí que eu tiro forças para falar, responder, agir.

De um tempo pra cá notícias, campanhas e projetos ao redor do mundo estão pipocando sobre o assédio verbal. O mais famoso deles aqui no Brasil, que vai virar um documentário depois de ser patrocinado pelo Catarse, é o Chega de Fiu-Fiu, que tem um material maravilhoso sobre o tema. Lá tratam de vários outros tipos de agressão, inclusive a virtual que também é sofrida por muitas mulheres, inclusive as que defendem ideias feministas. Teve até uma matéria sobre isso aqui.

Esse outro vídeo foi feito por uma ONG mostra como pode ser insuportável ser uma mulher nas ruas de Nova Iorque.

E ainda tem essa artista maravilhosa, Tatyana Fazlalizadeh, que colocou nas ruas a resposta das mulheres aos assédios dos homens, no projeto Stop Telling Women do Smile. Porque arte é sempre uma arma maravilhosa contra a violência.bk

Enfim, campanhas e projetos não faltam. O que eu queria mesmo era deixar a minha humilde mensagem e experiência. De uma ínfima parte do que representa a luta feminina (e não feminista) diária. Vamos responder. Vamos educar. Vamos envergonhar. Vamos gritar, se precisar. Mas não vamos ouvir caladas as agressões que sofremos todos os dias. Porque é de grão em grão que a gente chega lá.

Ah, e finalizo aqui o post com esse vídeo maravilhoso da ativista Maynara, do projeto Empodere Duas Mulheres, que faz um resgate do que é o Dia Internacional da Mulher. Que não é um dia para se comemorar, é um dia para se discutir e se questionar o papel da mulher na sociedade. Vamos lembrar de como esse dia nasceu e que ele não pode ser engolido por flores, chocolates e anúncios de marcas que querem transformar uma data tão importante na história, num dia a mais do calendário comercial.

E pro seu Dia da Mulher eu não desejo parabéns. Desejo sorte e força, porque é disso que precisamos.



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