basta de mulher guerreira
Hoje é Dia Internacional da Mulher. E daí?
Eu não tenho nada contra nem a favor a esse dia. Adoro quando ganho flores e chocolates e, felizmente, não é só nesse dia que eu ganho. Mas, aqui pra nós, eu não perco muito tempo pensando nas conotações políticas e sociais de ter um dia da mulher. Eu simplesmente passo por ele, agradeço e… Próximo, por favor?
Mas é inevitável ver a sequência de homenagens feitas nesse dia. E quando eu vejo, a maioria fala das mulheres guerreiras, fortes, lutadoras. Que a delicadeza é um dom mas que guarda a garra e a força que só a mulher tem.
E eu estou cansada disso de mulher guerreira. Sim, sou forte. Fui criada por uma mulher forte, batalhadora, guerreira. Herdei a coragem e a dureza de seguir sozinha, de seguir em frente, de ser independente. Mas tem dias que eu só quero ser mulher. Na conotação mais machista possível.
Quero ser delicada, quero ser indefesa. Quero ter quem me segure, quem me apóie, quem me guie. Tem dias que eu não quero isso de independência. Quero ajuda. Quero precisar. Quero simplesmente ser isso que chamam de sexo frágil.
Quero ser mulherzinha. Pedir ajuda pra fazer coisas de homem. Ter um homem pra pedir ajuda. Não ter que tomar decisões. Não precisar de iniciativa. Não me interessa se acham sexista isso de mulherzinha e coisas de homem. Acho hipócrita quem diz que isso não existe.
Tanto existe que não importa o quão guerreira, forte, independente e foda uma mulher seja, ela sempre vai precisar de apoio quando for chorar. Porque o que é a mulher, se não apenas um ser humano que se permite ter e viver os dois lados da moeda. O forte e o frágil. Tenho pena de quem levanta a bandeira só de um deles e guarda o outro no seu baú de frustrações.
Nesse dia de homenagear as fortes, eu só quero ser a frágil.
Feliz dia, mulheres.