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8 motivos para usar o coletor menstrual


Desde fevereiro deste ano que eu uso o famoso copinho, o coletor menstrual, e minha vida passou por uma revolução. No começo, eu fiquei me sentindo uma vendedora de Herbalife ou coisa assim, meio que catequizando as pessoas, meio monotemática, era um tal de “Oi Terra, bom dia!” e eu “Bom dia miga cê usa o coletor menstrual porque olha senta aqui…”. E a cada ciclo, ou cada vez que eu vou fazer feira e reparo que a gôndola de absorventes (e de desodorantes!) não me pertence mais, eu tenho vontade de contar pra mais gente sobre como incrível é o copinho.

Então, reuni aqui alguns bons motivos pra você mulher maravilhosa, usar o coletor menstrual.

coletor-menstrual

1. Intimidade com seu próprio corpo

Quando eu vou falar sobre o coletor menstrual, algumas mulheres fazem cara feia sobre “ter que pegar o sangue”, “ter que enfiar a mão” e essas coisas. Então vamos lá. Primeiro, seu sangue não é sujo. Não faz cara feia, amiga. Não vem com “eca” pra algo que é natural seu, é sagrado, é real. Você sabia que o sangue não tem cheiro? Pois é. Aquele “fedor de menstruação” que você sente é culpa do absorvente, que faz o sangue entrar em contato com o oxigênio e ainda abafa geral lá embaixo. O que dá o cheiro é isso. O sangue no copinho não tem cheiro. Pode tirar e levar direito ao nariz, sem nojinho, que tem cheiro de nada.

Não tenha vergonha/ medo/ nojo/ dúvida de se tocar. Algumas mulheres não se tocam mais do que na hora de esfregar o sabonete ou de passar o papel pra se limpar. Tem que se tocar, miga. Tem que se conhecer. Tem que se dar prazer, mas aí é assunto pra outra conversa. ;) Quando você se toca para colocar o copinho coletor você aprende mais sobre o seu corpo e esse tabu de vagina/ buceta/ ppk/ menstruação vai se dissolvendo até sumir.

Além disso, você começa a conhecer melhor o seu fluxo, sabia? Já ouvi de gente que diz que não tem coragem de usar o copinho porque só usa absorvente noturno e que o fluxo vai encher rapidamente e tal… Gente, não apavora. Faz o teste primeiro. Mesmo que você faça o teste com absorvente também, pra garantir. Mas é um momento de descobrir o real volume seu fluxo, e que ele pode não ser tão grande quanto você imagina… Quando ele espalha no absorvente parece ser um rio, né? No copinho é outra coisa. Vai por mim.

2. Economia

Você já fez as contas de quanto gasta com absorvente? Bem, eu fiz uma conta de padaria. A cada mês eu gastava uns 2 pacotes de absorvente que custavam em média R$6 cada um. Em um ano, eu gastava em média R$144 reais em absorvente, fora quando precisava comprar um OB pra ir à praia, aqueles que a gente distribui pras amigas, enfim. Pode parecer pouco, mas quando você compra um copinho que custa em média R$80 e pode durar entre 5 e 10 anos, você entende o tamanho da economia, né?

3. Conforto

Minha gente, tem coisa mais incômoda do que absorvente? Sério mesmo. Não interessa se é fino, com abas, sem abas, anatômico, não rola. São dias seguidos que você passa com aquele incômodo no meio das pernas. Percebi que às vezes a gente até acostuma, mas quando tira você vê o real incômodo que sentia. Você não sente quando está usando o coletor. Sério. Às vezes eu tenho que ir no banheiro dar um check pra saber se eu realmente coloquei o copinho antes de sair de casa, de tão anatômico que ele é. Além do conforto pra usar um biquíni, pra dormir sem calcinha, pra usar rouba sem se preocupar se tá marcando o absorvente, nada disso!

4. Praticidade

Praticidade é a palavra de quem não tem tempo a perder, né? Então nada de ter que ficar indo no banheiro de instante em instante pra trocar o absorvente. Você pode passar até 12h com o coletor, dependendo do seu fluxo. E se precisar tirar é só higienizar bem as mãos, tira o copinho, esvazia, lava com água e sabão neutro e pronto, tá ótimo pra botar de novo. Aí a cada ciclo você pode ferver ele numa panelinha esmaltada, ou até no meio do ciclo se você quiser.

Também é super prático fazer xixi sem sangue, né? Aqui pra nós. E com o copinho o sangue fica presinho lá de boas. Sabe quando você tá na rua e não tem papel no banheiro, então você dá aqueles pulinhos e veste a calcinha? Menstruada não rola, né? Mas com copinho rola! Você pode fazer seu xixizinho em paz, limpar com o papel normalmente (se tiver) e pronto! Quantas vezes você precisar até a hora de tirar o copinho pra esvaziar e higienizar.

5. Higiene

Algumas mulheres que têm nojinho do contato com seu próprio sangue, não sabem que sujo mesmo é o tal do absorvente com seu sangue exposto, seus odores e aquilo tudo.O copinho é feito 100% de silicone e fica totalmente dentro do canal vaginal. Ele é muito limpo e a manutenção desta limpeza é super fácil (água e sabão neutro cada vez que tirar e ferver por 5 minutos em panela esmaltada no início e no final de cada ciclo).

6. Saúde

Bem, como eu já disse ali em cima, não tem isso de sangue exposto, de abafar a vagina, nada disso. O coletor é bem mais higiênico que o absorvente. As bactérias gostam de se proliferar em lugares úmidos e quentes, ou seja, seu próprio absorvente.  A maioria das mulheres que têm recorrência de candidíase e outras doenças causadas por fungos e bactérias, podem se beneficiar com o uso do copinho na sua prevenção.

7. Meio ambiente

Além de todo benefício pessoal, também está em tempo de pensar no planeta, né? Já pensaram na quantidade de lixo que geramos com os absorventes? Pois é. E eles demoram mais de 100 anos pra se decompor na natureza. Agora pensa nessa quantidade de mulher menstruando, trocando absorvente umas 10x por dia, e jogando (além de dinheiro) muita sujeira na natureza. O copinho é reutilizável e pode durar de 5 a 10 anos! Faz as contas aí de quantos absorventes tu não vai jogar no lixo e vai somando aí na tua matemática das vantagens.

Ah, e sabe uma coisa massa? Mas aí é pro meio ambiente na nossa casa, do nosso jardim hehehe :P O sangue é um fertilizante natural para as plantas! Então, se você quiser, pode despejar o conteúdo do seu copinho na suas plantas e ver como elas vão ganhando um up, ficando mais vistosas e felizes. Pois é, nosso sangue é sagrado e carregado de vida, meninas. :)

8. Liberdade

Pois é, migas. A verdade é que a sensação é de liberdade. De botar biquíni, de praticar esportes, de ficar só de calcinha ou sem ela, de não ter que andar com absorvente pra cima e pra baixo como uma muleta, de ter que ficar caçando aquele banheiro maneiro toda hora, de ter que ficar indo na farmácia comprar absorvente, ter sempre um em cada bolsa e um estoque em casa ou no trabalho, enfim… É a liberdade em sua diferentes facetas. Inclusive, a liberdade de conhecer o seu corpo, de falar sobre ele, de entrar com os dois pés na luta contra a menstruação como tabu. Vamos ser mais livres. <3

Claro que tudo tem seus prós e seus contras, né? Nada é 100% flores. Eu já tive amigas que não se adaptaram ao copinho nem a pau, que ficaram incomodadas, que sentiram cólicas, que disseram que sempre vaza, enfim. Nunca será para todas, infelizmente. Mas vale experimentar. Vale o teste. Vale insistir um pouco mesmo quando tiver dando errado. Os benefícios são muitos!

Procurem mais na internet sobre os coletores menstruais, vejam detalhes de como botar, de como tirar (tem gente que se desespera por não conseguir tirar o vácuo e acha que o copinho tá preso), da possibilidade de cortar a haste para ficar mais confortável, de como saber se fez o vácuo, se vazar, enfim. Leiam mais, procurem outra opiniões, mas não deixem de testar vocês próprias. Vale o investimento de R$80 ou R$90 reais para um teste que pode mudar a sua vida, sem exageros.

Para quem é do Recife, eu comprei o meu no Copinho de Lua, com a querida e atenciosa Scharlene Guedes. Que além de entregar gratuitamente em alguns lugares da cidade, também compartilha informações, presta suporte e é uma simpatia de mulher. Dessas que sentem o maior prazer em ver as outras mulheres se empoderando.

E vocês, querem compartilhar suas experiências e observações sobre o copinho? :)


vamos falar sobre o dia da mulher


Eu nunca levantei bandeira do feminismo. Isso porque eu acho que esse termo carrega tudo de bom e tudo de mau ao mesmo tempo. Eu não me identifico com vários atos tachados de feministas, com vários pensamentos de ícones feministas, entre outras coisas. Acho um rótulo pesado, mas que tem ganhado bastante espaço nos últimos tempos. Ainda bem. Porque mesmo que eu não goste muito do termo, tenho que admitir que ele vem abrindo o caminho para discussões de gênero que são tão, mas tão importantes na nossa sociedade.

Quem me acompanha no Facebook volta e meia pode ver alguns posts meus (posto textão mermo) com desabafos sobre os assédios que eu (e todas as mulheres do mundo, isso, MUNDO) sofrem diariamente nas ruas. Há um tempo eu decidi que preciso fazer a minha parte diante desse cenário, e venho respondendo aos homens com o objetivo de constranger mesmo. Ouvir seus “fiu-fius” calada estava a ponto de me dar uma úlcera, então resolvi que ia falar. E falo mesmo. E falo sempre. Andando, pedalando, no ônibus, onde for. Respondo dizendo que isso é assédio e que um dia ele pode ser preso por isso, que mulheres não gostam desse tipo de “elogio”, que isso agride e incomoda. E as reações são as mais diversas. Aqueles que fingem que não falaram nada, aqueles que dizem que eu tô doida por não gostar de ser chamada de linda, aqueles que agressivam dizendo que “é gostosa mesmo e tem que ouvir”, entre outros mil. Mas uma coisa eu tenho certeza: eles não esquecem.

Dia desses voltava de uma farra de taxi, já de manhã, e reparei que o taxista buzinava para as mulheres que passavam na rua e dava aquela boa e velha SECADA. E isso foi me incomodando muito até que eu perguntei “porque o senhor buzina para as mulheres na rua?”, e esse homem gaguejou tanto pra dizer que conhecia aquela mulher, que era amiga dele, mas que ela nunca veria ele e porque o vidro era muito escuro, mas que depois ele ia dizer que buzinou e…. Pronto. Estava constrangido, envergonhado. E quando eu desci do taxi ainda disse “Não buzine mais para as mulheres não, isso é feio e elas não gostam”, e mesmo com ele repetindo “mas era amiga minha” eu só respondi mais “então guarde essa mensagem pra você” e fui embora. Ele vai parar de fazer? Provavelmente não. Mas ele vai lembrar disso, eu tenho certeza. E quanto mais mulheres responderem a ele, constrangerem ele, ele vai diminuir. Ao menos, tenho essa fé.

E eu sei o quanto pode ser perigoso reagir a um assédio. Mas sei também que é perigoso ouvir calada, porque isso dá cada vez mais poder a esse machismo violento. É de um assédio verbal que nascem outras formas de agressão, então perigoso mesmo é ficar calado. Não por você, mas por todas as mulheres. É assim que eu penso e é daí que eu tiro forças para falar, responder, agir.

De um tempo pra cá notícias, campanhas e projetos ao redor do mundo estão pipocando sobre o assédio verbal. O mais famoso deles aqui no Brasil, que vai virar um documentário depois de ser patrocinado pelo Catarse, é o Chega de Fiu-Fiu, que tem um material maravilhoso sobre o tema. Lá tratam de vários outros tipos de agressão, inclusive a virtual que também é sofrida por muitas mulheres, inclusive as que defendem ideias feministas. Teve até uma matéria sobre isso aqui.

Esse outro vídeo foi feito por uma ONG mostra como pode ser insuportável ser uma mulher nas ruas de Nova Iorque.

E ainda tem essa artista maravilhosa, Tatyana Fazlalizadeh, que colocou nas ruas a resposta das mulheres aos assédios dos homens, no projeto Stop Telling Women do Smile. Porque arte é sempre uma arma maravilhosa contra a violência.bk

Enfim, campanhas e projetos não faltam. O que eu queria mesmo era deixar a minha humilde mensagem e experiência. De uma ínfima parte do que representa a luta feminina (e não feminista) diária. Vamos responder. Vamos educar. Vamos envergonhar. Vamos gritar, se precisar. Mas não vamos ouvir caladas as agressões que sofremos todos os dias. Porque é de grão em grão que a gente chega lá.

Ah, e finalizo aqui o post com esse vídeo maravilhoso da ativista Maynara, do projeto Empodere Duas Mulheres, que faz um resgate do que é o Dia Internacional da Mulher. Que não é um dia para se comemorar, é um dia para se discutir e se questionar o papel da mulher na sociedade. Vamos lembrar de como esse dia nasceu e que ele não pode ser engolido por flores, chocolates e anúncios de marcas que querem transformar uma data tão importante na história, num dia a mais do calendário comercial.

E pro seu Dia da Mulher eu não desejo parabéns. Desejo sorte e força, porque é disso que precisamos.


textinho para mulheres


Hoje eu acordei com uma sequência de coisas dando errado logo antes das 8h da manhã, então resolvi postar esse texto retirado do livro “Este sexo é feminino” de Patrícia Travassos, que recebi por e-mail assim que cheguei ao trabalho.

“Belinha acordou às seis, arrumou as crianças, levou-as para o colégio e voltou para casa a tempo
de dar um beijo burocrático em Artur, o marido, e de trocarem cheques, afazeres e reclamações.

Fez um supermercado rápido, brigou com a empregada que manchou seu vestido de seda,
saiu como sempre apressada, levou uma multa por estar dirigindo com o celular no ouvido e
uma advertência por estacionar em lugar proibido, enquanto ia, por um minuto, ao caixa automático tirar dinheiro.

No caminho do trabalho batucava ansiedade no volante, num congestionamento monstro, e
pensava quando teria tempo de fazer a unha e pintar o cabelo antes que se transformasse numa
mulher grisalha.

Chegando ao escritório, foi quase atropelada por uma gata escultural que, segundo soube, era a
nova contratada da empresa para o cargo que ela, Belinha, fez de tudo para pegar, mas que, apesar
do currículo excelente e de seus anos de experiência e dedicação, não conseguiu.

Pensou se abdomem definido contaria ponto, mas logo esqueceu a gata, porque no meio de uma
reunião ligaram do colégio de Clarinha, sua filha mais nova, dizendo que ela estava com dor de ouvido e febre.

Tentou em vão achar o marido e, como não conseguiu, resolveu ela mesma ir até o colégio, depois
do encontro com o novo cliente, que se revelou um chato, neurótico, desconfiado e com quem teria
que lidar nos próximos meses.

Saiu esbaforida e encontrou seu carro com pneu furado.

Pensou em tudo que ainda ia ter que fazer antes de fechar os olhos e sonhar com um mundo melhor.

Abandonou a droga do carro avariado, pegou um táxi e as crianças.

Quando chegou em casa, descobriu que tinha deixado a porra da pasta com o relatório que precisava
ler para o dia seguinte no escritório!

Telefonou para o celular do marido com a esperança que ele pudesse pegar os malditos papéis na
empresa, mas a bosta continuava fora de área.

Conseguiu, depois de vários telefonemas, que um motoboy lhe trouxesse a porra dos documentos.

Tomou uma merda de banho, deu a droga do jantar para as crianças, fez a porcaria dos deveres com
os dispersos e botou os monstros para dormir.

Artur chegou puto de uma reunião em São Paulo, reclamando de tudo. Jantaram em silêncio.

Na cama ela leu metade do relatório e começou a cabecear de sono. Artur a acordou com tesão,
a fim de jogo. Como aqueles momentos estavam cada vez mais raros no casamento deles, ela
resolveu fazer um último esforço de reportagem e transar.

Deram uma meio rápida, meio mais ou menos, e, quando estava quase pegando no sono de novo,
sentiu uma apalpadinha no seu traseiro com o seguinte comentário:

– Tá ficando com a bundinha mole, Belinha… deixa de preguiça e começa a se cuidar..

Belinha olhou para o abajur de metal e se imaginou martelando a cabeça de Artur até ver seus miolos
espalhados pelo travesseiro!

Depois se viu pulando sobre o tórax dele até quebrar todas as costelas! Com um alicate de unha arrancou
um a um todos os seus dentes depois deu-lhe um chute tão brutal no saco, que voou espermatozóide
para todos os lados!

Em seguida usou a técnica que aprendeu num livro de auto-ajuda: como controlar as emoções negativas.

Respirou três vezes profundamente, mentalizando a cor azul, e ponderou. Não ia valer a pena, não
estamos nos EUA, não conseguiria uma advogada feminista caríssima que fizesse sua defesa alegando que
assassinou o marido cega de tensão pré-menstrual…

Resolveu agir com sabedoria.

No dia seguinte, não levou as crianças ao colégio, não fez um supermercado rápido, nem brigou com a
empregada. Foi para uma academia e malhou duas horas.

De lá foi para o cabeleireiro pintar os cabelos de acaju e as unhas de vermelho. Ligou para o cliente novo
insuportável e disse tudo que achava dele, da mulher dele e do projeto dele.

E aguardou os resultados da sua péssima conduta, fazendo uma massagem estética que jura eliminar,
em dez sessões, a gordura localizada.

Enquanto se hospedava num spa, ouviu o marido desesperado tentar localiza-lá pelo celular e descobrir
por que ela havia sumido.
Pacientemente não atendeu. E, como vingança é um prato que se come frio, mandou um recado lacônico
para a caixa postal dele.

– A bunda ainda está mole. Só volto quando estiver dura.

Um beijo da preguiçosa…”



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