auristela, minha estrela de ouro.
Auristela é o nome da minha avó, que eu conheço de foto e de história, já que ela partiu antes que eu chegasse. Auristela é o nome da minha mãe, a filha caçula dos seis rebentos dona Auristela e seu Joaquim.
Auristela significa estrela de ouro, dourada, é a deusa romana da madrugada. Com o passar dos anos, Auristela foi virando Stela, estrela. A minha estrela. Que sempre brilha para iluminar o meu caminho. A minha estrela, que sempre me ajuda a esclarecer dúvidas e que tem sempre os seus raios sobre mim, me abraçando com sua energia tão forte e verdadeira.
Stela é a minha melhor amiga, que escuta meus segredos, que compartilha minhas alegrias e agonias. Minha melhor amiga, que senta num boteco comigo, e come uma carne de bode tomando algumas muitas cervejas.
Stela é a minha primeira tatuagem, feita aos 17 anos no apartamento do andar de cima, com dois amadores, muita dor e uma alegria sem tamanho. Avisei que ia fazer, mas ela não acreditou. Quando cheguei em casa, com a perna inchada, enrolada no plástico filme, a expressão dela foi uma divisão quase que perfeita, entre a alegria ao ver o tamanho do meu amor, e uma cara forçada de repreensão, já que ela sempre disse ser contra.
Passou dias chamando a tatuagem de feia e horrorosa. Ok, isso ela é, até hoje. Mas quando eu ligava para o trabalho dela, e alguma de suas assistentes atendia, falava baixinho “Tu fez uma tatuagem com o nome da tua mãe, não foi? Ela tá bestinha aqui contando pra todo mundo”. E é por isso que mesmo sendo feia, ela é a minha tatuagem preferida. E as três estrelas somos eu, ela e minha irmã, as três mulheres com sangue de estrela.
E eis que hoje, um sábado pós feriado com cara de domingo, cinza e chuvoso, o interfone toca dizendo que minha mãe deixou uma encomenda pra mim. E eram essas lindas flores do campo, com um cartão de bom dia. Tem coisa mais linda no mundo? Até o sol abriu depois dessa. É, a luz da minha estrela sempre deixa meu dia mais cheio de cor.