dias de mudança: o grande dia
E depois de caixas e mais caixas fechadas, eis que chega o grande dia da mudança. Claro que foi num sábado, porque eu não ia faltar o trabalho pra me mudar, né. Então acompanhem. Foi um final de semana antes do carnaval, ou seja, durante as prévias. Nem preciso dizer que no dia anterior eu cheguei em casa de manhã cedo, né. Vinda do I Love Cafusú, toda trabalhada no brilho e na piriguetagem, dormi as 3 horas que cabiam no cronograma e acordei acabada de ressaca cheia de disposição para continuar arrumando o que faltava.
Claro que a semana inteira de noites em claro não foi suficiente para terminar a arrumação, e tudo continuou no dia da mudança. O pessoal da empresa de mudança chegou com uma hora de atraso, às 11h, e cheios de pressa pra arrumar tudo. Foram levando as caixas que já estavam fechadas e também foram desmontando algumas coisas. Não perguntavam nada, só iam jogando as coisas e levando. Uma dica boa é ficar de olho sempre. Tive sorte de estar acompanhada por uma pessoa massa (eu disse que era pra aceitar ajuda, lembra?) e que percebeu que a galera tinha que ser acompanhada de perto. Gente, mulher sozinha nessas horas é uma merda. Lidar com mão de obra não é fácil e você não é tão respeitada quanto vocês pensam. Então se você tá sozinha nessa, feito eu, arrume um homem para marcar presença no dia da mudança. Acredite, pode parecer uma coisa machista e idiota, mas fez toda a diferença.
Eu estava cansada, acabada e super, super feliz desse dia ter chegado. Então nada mais justo do que ir organizando as coisas, brindando umas cervejinhas e comendo uns petisquetes, né? A mudança seguiu quase que em clima de festa durante a maior parte do tempo. Eis que as coisas parecem começar a andar devagar demais. Na minha cabeça tava tudo indo bem, afinal, eu fiz a escolha da mudança por contrato, e não por hora. Mesmo que por contrato a gente precise pagar as horas extras, se passar, eu não achava que podia demorar mais do que as 8 horas que ficaram acertadas. Então foi descer, ver se a galera tava trabalhando alguma coisa no caminhão e, aparentemente, as coisas pareciam andar.
Mas as horas foram passando, o cansaço acumulado das noites e da festa foi batendo, a paciência foi indo pro saco e eu comecei a ficar ligeiramente estressada com a demora que as coisas estavam acontecendo. Foi um tal de desmonta isso, desmonta aquilo, tira porta, bota porta e demora, demora, demora. Pra resumir a história, estávamos saindo lá de casa quase no final do prazo de tempo do contrato, ou seja, me lasquei. Mas o discurso era: o mais demorado é tirar, pra subir as coisas é mais rápido. Rá. Faz-me rir.
Chegando no meu novo prédio, quase 20km depois, chega o caminhão e, junto com ele, a notícia do porteiro: senhora, não estou autorizado a receber mudança agora não. O horário para fazer isso é até às 14h. Oi? Como é, moço? Então já cheguei no prédio arrumando confusão. Que tristeza. Dado meu estado de cansaço e estresse, disse que não tinha o que fazer, que eu ia entrar com a minha mudança de todo jeito. Que eu não tinha como voltar com isso e que se eu não subisse eu não ia ter onde dormir, onde ficar, fiz cara de choro misturado com cara de vá tomar no cú e no final, consegui. Tirando o síndico me ligando dizendo que eu tinha meia hora pra colocar toda a minha mudança pra dentro do prédio, porque o portão não podia ficar aberto, a mudança foi acontecendo. Então fica a dica, gente. Procurem saber de horários do seu prédio de destino, porque podia ter dado uma merda grande pra mim.
E claro que a parte do “descarregar é mais rápido” não é de toda verdade, né. Mas eu já estava ficando satisfeita em jogar as caixas pra dentro de casa. Tudo que eu queria era ter a minha cama e o meu sofá montados pra ter onde me escorar depois desses dias punks. Aí fui acompanhando a subida das coisas e vi que arranharam a minha geladeira, rasgaram o forro do meu sofá e eu fui ficando preocupada em pensar: será que vão subir com todas as caixas? Será que vai ficar alguma coisa? Será que isso? Será que aquilo? A tensão estava foda.
E eis que a mudança termina 4 horas depois do previsto e eu me lasco pra pagar o adicional de horas. Mas eu também não tinha toda a grana pra pagar, afinal, eu não contava que minha mudança ia demorar mais de 12 horas pra acontecer. Então sobe o senhor da empresa, o mais mal encarado de todos, pra negociar comigo. Eu disse que não tinha mas que quando ele fosse ver o que aconteceu com a minha geladeira e arrumar o meu sofá, eu dava a diferença. Até hoje ele não me procurou. Não sei se por conta do carnaval, o que é uma grande possibilidade, ou se por qualquer outro motivo que meu pessimismo insiste em acreditar.
E eu que ia trabalhar em outra prévia no sábado e estava com ingresso na mão, terminei largando tudo pra ficar em casa. Já tinha perdido o horário do trabalho, da festa, de tudo. Me restava ficar de perna pra cima, curtindo a minha bagunça. Não sem antes ir no bar da esquina brindar uma cerveja e um caranguejo, afinal, eu estava merecendo.
Esse foi o resumo da saga do dia da mudança. E sabe aquele sentimento de “putz, não vai acabar nunca?” de quando a gente está arrumando as coisas? Depois de me mudar eu só conseguia pensar “porra, tá só começando…”. E é a mais pura verdade.
Tá só começando. Minha vida nova, meu endereço novo, minha casa nova. Tá tudo só começando. E eu tô feliz da vida. :D