sobre decisões e ciclos da vida
Eu nunca falo muito de trabalho aqui no blog, né. E acho que hoje não é bem de trabalho que eu vou falar. Mas de decisões que a gente toma na vida, e dos ciclos que fazem a vida correr.
Hoje eu estou encerrando uma fase da minha vida, apesar de não conseguir dizer que estou concluindo um ciclo. Mas hoje eu estou saindo da Ampla, a agência que me acolheu depois de uma demissão me tirar do eixo. Foi aqui que eu vivi muita coisa enquanto trabalhava nesses últimos dois anos e meio da minha vida.
Aqui eu recuperei minha autoestima profissional e mudei de rumo, entrando pra o mundo mágico da comunicação digital. Enquanto trabalhava aqui me separei de um casamento, namorei e casei de novo. Enquanto eu trabalhava aqui comprei um carro novo, deixei pra trás um apartamento próprio na zona sul e me mudei de mala e cuia pra um apartamento alugado na zona norte, só pra ficar aqui pertinho. Enquanto eu trabalhava aqui eu vi muita gente nova entrar, gente antiga sair e posso dizer sem medo que fiz amizades de verdade e que vou levar pra vida inteira.
Aqui eu chorei por minha filha quase partir por uma doença, chorei por meu pai não chegar no meu aniversário por conta do vulcão, chorei por pegar quase 3 horas de trânsito pra vir trabalhar num dia de chuva. Aqui eu morri de rir trabalhando de madrugada ao som de Chuva de Prata, dou gargalhadas fáceis com as pequenas besteiras que chegam no e-mail do grupo e como não ficar feliz com os quilinhos que a geração saudável daqui me ajudou a perder? É, não tem como ser diferente ou fugir do clichê de que chorei e sorri vivendo fortes emoções por aqui.
Nesse tempo que trabalhei aqui na Ampla vi o núcleo digital crescer de 8 pessoas numa salinha pequena, para mais de 20 cabeças no meio da criação. Vivi umas 6 ou mais reformas pra agência que não para de crescer continuar crescendo. Viajei para a Ampla do Espírito Santo e percebi que é possível fazer amizade no trabalho até à distância. É, eu fiz muita coisa além de trabalhar.
E o que eu não me canso de dizer, é o quanto eu aprendi que você pode ter amigos no trabalho, e não apenas colegas de trabalho. Entende a diferença? Pessoas apaixonadas pelo que fazem, que gostam uma das outras e que sempre pensam em fazer o melhor, se ajudar, somar. Se eu fosse pintar um quadro com meus sentimentos por cada um aqui, seria uma coisa linda de se ver. Com cores vivas, intensas, traços livres, as vezes firmes, as vezes leves, mas sempre contínuos. Eu posso dizer que eu amo sem medo de supervalorizar o adorar. É amor mesmo.
Mas se é tanto amor, porque eu estou saindo? Hummm, boa pergunta.
Porque não importa o quanto você ame seus pais, a casa da sua família ou a sua própria cama. Chega um momento que você precisa levantar e andar pro mundo. Porque o fato de você sair não quer dizer que você está incomodado, que é ruim ou que você quer algo melhor. Significa apenas que você precisa de algo diferente naquele momento.
Essas decisões que são difíceis de tomar. O passo que é difícil de dar. Levantar e sair pela porta do lugar que você sente em casa e está cheio de gente que você ama para caminhar rumo a novos desafios não é fácil. Mas se fosse fácil, não seria um desafio. E o que é o tempero da vida se não a constante busca por essas doses de frio na barriga?
Estou muito feliz, apesar de chorar desde o momento que tomei a decisão de sair. E eu vou chorar ainda mais porque eu sou assim mesmo, quando o coração aperta ele escorre pelos olhos sem cerimônia. Mas é um choro misto de saudade com gratidão. Porque se eu estou alçando novos vôos, é porque o trabalho que eu fiz junto com todas as pessoas queridas dessa agência está sendo reconhecido.
E eu estou ainda mais feliz porque estou indo para um lugar onde já tenho pessoas queridas, de portas e corações abertos para me receber. E tenho certeza que vou construir muito lá com o que eu aprendi aqui, que o suor do nosso trabalho leva a gente pra muito mais longe quando misturamos com amor, carinho e respeito uns pelos outros.
Eu vou sentir saudade, turma. Muita. Estarei de longe torcendo e admirando vocês como sempre fiz.
Obrigada por tudo. Sempre.