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amor sem sexo é amizade


Eu sempre tenho a impressão de que tem uns 3 dias do amigo por ano. E estão sempre escrevendo as mesmas coisas, que amigo é a família que a gente escolhe, que o amor pode acabar mas a amizade continua, que amigo é pra essas coisas.

Hoje, enquanto tem um monte de gente se dando parabéns pelo Dia do Amigo, vou escrever um texto sobre amor. Porque pra mim a amizade é feita de amor. Sim, o mesmo amor que você sente por seu namorado ou por sua esposa. O amor é o mesmo, o que muda é que não tem tesão, não tem sexo, é só o mais puro amor.

Aquela vontade de ver o outro feliz, de fazer o outro feliz, de cuidar. Aquela vontade de sentar pra conversar, de fazer confissões e contar coisas que só vocês sabem. Aquela vontade de se ver, de sair, de fazer nada juntos. Esse é o amor da amizade.

Claro que os amores se misturam, e as vezes terminam em casamento. Mas enquanto for o mais puro amor, aquele querer bem sem querer em troca, é amizade. Porque existe amor além da amizade, mas não há no mundo uma amizade verdadeira sem o mais puro amor.


auristela, minha estrela de ouro.


Auristela é o nome da minha avó, que eu conheço de foto e de história, já que ela partiu antes que eu chegasse. Auristela é o nome da minha mãe, a filha caçula dos seis rebentos dona Auristela e seu Joaquim.

Auristela significa estrela de ouro, dourada, é a deusa romana da madrugada. Com o passar dos anos, Auristela foi virando Stela, estrela. A minha estrela. Que sempre brilha para iluminar o meu caminho. A minha estrela, que sempre me ajuda a esclarecer dúvidas e que tem sempre os seus raios sobre mim, me abraçando com sua energia tão forte e verdadeira.

Stela é a minha melhor amiga, que escuta meus segredos, que compartilha minhas alegrias e agonias. Minha melhor amiga, que senta num boteco comigo, e come uma carne de bode tomando algumas muitas cervejas.

Stela é a minha primeira tatuagem, feita aos 17 anos no apartamento do andar de cima, com dois amadores, muita dor e uma alegria sem tamanho. Avisei que ia fazer, mas ela não acreditou. Quando cheguei em casa, com a perna inchada, enrolada no plástico filme, a expressão dela foi uma divisão quase que perfeita, entre a alegria ao ver o tamanho do meu amor, e uma cara forçada de repreensão, já que ela sempre disse ser contra.

Passou dias chamando a tatuagem de feia e horrorosa. Ok, isso ela é, até hoje. Mas quando eu ligava para o trabalho dela, e alguma de suas assistentes atendia, falava baixinho “Tu fez uma tatuagem com o nome da tua mãe, não foi? Ela tá bestinha aqui contando pra todo mundo”. E é por isso que mesmo sendo feia, ela é a minha tatuagem preferida. E as três estrelas somos eu, ela e minha irmã, as três mulheres com sangue de estrela.

E eis que hoje, um sábado pós feriado com cara de domingo, cinza e chuvoso, o interfone toca dizendo que minha mãe deixou uma encomenda pra mim. E eram essas lindas flores do campo, com um cartão de bom dia. Tem coisa mais linda no mundo? Até o sol abriu depois dessa. É, a luz da minha estrela sempre deixa meu dia mais cheio de cor.


Ana Terra e Anna Terra


Ontem eu terminei de ler o livro Ana Terra, que minha mãe leu durante a gravidez, e dele tirou meu nome. Eu ainda não tinha lido, o exemplar que eu tinha era muito antigo e tinha páginas faltando, mas Carol resolveu esse problema me dando de presente essa nova edição.

Minha mãe escolheu o nome, e meu pai, para ter a sua participação, colocou o segundo “n”. É por isso que eu passo a vida inteira dizendo “Anna Terra, com dois enes”, quase como um novo sobrenome. Ah, eu também passo a vida explicando que Terra não é sobrenome, é nome mesmo. E que vem do livro do Erico Verissimo, onde a Ana Terra tem um ene só.

Já sofri muito com o instinto ruim das crianças no colégio, que me chamavam de Anna Barro, Anna Lama, Anna Marte, Anna Júpiter… Então eu passei a infância detestando o meu nome. Mas depois eu comecei a perceber que as pessoas não esqueciam do meu nome, e consequentemente de mim também não. Percebi que nenhum dos apelidos que tentaram me colocar, conseguiu pegar, porque meu nome sempre foi mais forte. E aos poucos fui começando a gostar de ser diferente.

O livro Ana Terra, é parte da obra O tempo e o vento, e foi lançado como romance à parte. A história se passa entre o século XVIII e XIV, no Rio Grande do Sul. A família Terra (sim, no livro é sobrenome) vive numa estância no interior gaúcho e leva uma vida difícil. Tira o sustento da colheita, calcula a passagem do tempo observando a natureza e vive sob constantes ameaças de saque e guerra.

O livro começa com a seguinte frase “Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando”, costumava dizer Ana Terra. E eu posso garantir que venta muito nesse livro.

Ana Terra é uma mulher muito forte, guerreira mesmo. Que enfrenta muitas e grandes dificuldades e agressões, mas sobrevive a tudo. É uma mulher que trabalha pesado, desde cuidar da colheita até ser parteira e cortar os cordões umbilicais com uma tesoura de jardim. Perde tudo e recomeça a vida. Vê guerras, casamentos, morte e nascimentos. Ana Terra é uma mulher de atitude, não espera que ninguém faça por ela. Igual a Anna Terra, que vos escreve.

E depois de ler esse livro, eu gosto ainda mais do meu nome. Obrigada, mãe.

Update

Mandei o post pra minha mãe e recebi a resposta por e-mail. Primeiro, eu chorei. Depois eu pensei que tinha que postar. Por fim, postei.

“Tudo verdade o que vc escreveu filha, inclusive, quando eu estava grávida (e sozinha e sofrendo muito…), as pessoas me perguntavam o sexo e eu dizia que era menina e ia se chamar Ana Terra (com um ene mesmo), os mais curiosos me perguntavam o por quê do nome e eu dizia li um livro sobre uma mulher muito forte que se chamava Ana Terra Camará… se minha filha passar a metade do sofrimento que tenho na alma ela tem que ser “no mímimo forte”, como a personagem. E assim esse nome me encantou e eu sonhava com uma mulher forte, enfrentando todas as adversidades da vida com muita raça. Assim mesmo, como eu fui e você é…

Ainda tem a variante do “Terra” ser telúrica…da terra, na melhor expressão da terra mesmo, e assim você foi adubada e nasceu esse encantamento de flor.


Com lágriams e carinho,

De nada filha

Mamis”



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