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precisamos armar a rede


armar a redeEu sempre fui acostumada com a vida corrida. Correria no trabalho, correria em casa. O que não quer dizer que eu não tenho momentos de lazer, muito pelo contrário. É como se eles fossem uma grande recompensa dessa correria toda do dia a dia. E mesmo quando eu me dava um tempo relaxando, era entre dois grandes momentos de correria, antes e depois.

Quando eu virei freela, o medo de ficar sem job e consequentemente sem grana me fez aumentar ainda mais o ritmo, trabalhando feito doida mesmo. Mas desde que comecei a trabalhar independente, sempre tive algum cliente maior ou algo fixo pra segurar a onda. Algo que eu sabia que estaria ali enquanto eu ia correndo pelas beiradas fazendo coisas menores. Era uma segurança confortável. Nos momentos de baixa de jobs, os maiores seguravam e tava tudo mais de boa. Não tava ótimo, mas tava de boa.

E aí chegou o momento de não ter nenhum job fixo. Isso foi bem assustador. Não só pela grana, que é bem óbvio que assusta, mas com a reserva que eu fiz nesses meses daria pra segurar a onda. O que tava mais me assustando era “não ter o que fazer”. Tipo, eu tinha o que fazer. Tinha alguns trabalhos pra entregar. Tinha algumas coisas pra finalizar. Tinha a casa pra cuidar. Tinha a vida pra tocar. Mas eu me vi sem precisar correr pra entregar as coisas no prazo. Eu tinha prazo, mas tinha tempo. Não precisava correr. Não tinha muitos compromissos com horário marcado. Eu tinha tempo livre.

Eu já tinha me ligado que eu gosto mesmo é de me fuder. Eu gosto mesmo quando eu tô cheia de trabalho, reclamando de falta de tempo, me atropelando nas coisas pra poder entregar. Era assim que eu gostava mesmo de viver, e nem percebia. Quando eu me vi sem essa pressa, me senti vazia. Logo eu que tava numa vibe tão de viver mais e trabalhar menos, não percebi que estava sendo engolida pela minha correria do dia a dia. E o mais difícil, não percebi que eu gostava mesmo disso.

E também percebi que quanto mais tempo eu tenho para fazer as coisas, mais tempo eu levo pra fazer. A boa e velha procrastinação. E no tempo livre que eu tenho, ao invés de aproveitar pra resolver minhas coisas do dia a dia, eu estava “gastando” pensando no que eu poderia e deveria fazer, ao invés de estar efetivamente fazendo. É louco isso? É um pouco. Mas é algo de quem sempre tem muito o que fazer e não se dá o luxo de simplesmente parar.

Aí eu levei esse assunto pra terapia, essa minha angústia por não ter grandes responsabilidades a cumprir. Então ele me disse algo bem importante: às vezes nós temos que armar a rede e ficar sem fazer nada mesmo. E que não importa se é num domingo ou numa quarta-feira. O que importa é não se julgar e nem se culpar por não ter nada a fazer. Ou por deixar pra depois o que tem que ser feito. Precisamos de momentos de ócio. Seja no meio da correria, seja por não ter o que correr. Precisamos parar um pouco.

E eu, que levando a vida de freela tava achando que tava de boa com meu ritmo, não percebi que não estava e que preciso mesmo de momentos assim, sem fazer nada. Seja pra meditar, seja pra dormir, seja pra pensar, seja pra não pensar. Momentos sem fazer nada. Momentos meus comigo mesma. Momentos de armar a rede. E precisamos aproveitar mesmo esses momentos, porque a calmaria sempre passa. E quando a gente vê, estamos tendo que cavar no meio da correria esses momentos de novo. Então, vamos aproveitar. De verdade.

Essa é a minha mensagem pra gente começar a semana pensando no nosso ritmo de vida e de trabalho, e em quantas vezes a gente arma a rede de verdade. Boa semana!


o paradoxo de apressar o relógio pra querer tempo


Que o tempo é o mestre das coisas, isso pra mim já está claro. Só ele cura, só ele amansa, só ele constrói, só ele destrói. Mas desde que mudei meu estilo de vida para trabalhar em casa que eu tenho me perguntando porque vivemos querendo apressar o relógio. Agora que eu trabalho por conta própria, pra mim a sexta-feira não é mais super valorizada, e nem o final do mês. Mas será que é só pelo trabalho que queremos tanto apressar as coisas?

Eu acho que nunca tinha visto tanta gente pedindo o fim de agosto e o começo de setembro como esse ano, como se isso fosse a cura para tantos problemas. Tudo bem que tem todo um misticismo em torno de agosto, mas será que é só isso? Ou nós não estamos conseguindo viver os nossos dias e vivemos fazendo planos para um amanhã que nunca chega? Olhando de cima, acho que ainda estamos vivendo numa fase de “vou guardar tudo pra ser feliz nas minhas férias”, e assim vivemos apenas a felicidade um mês no ano? Ou dois dias na semana em detrimento de cinco? Isso tem me deixado maluca.

Porque ao mesmo tempo que comemoramos que finalmente acabou agosto e chegou setembro, estamos planejando nosso ano novo e nosso carnaval, e quando vê estamos em 2020. E não é exagero, falta pouco. Bem pouco. E nesse ritmo de sempre querer que o amanhã chegue mais rápido, vamos vivendo cada vez menos e planejamento cada vez mais coisas que nós ainda não sabemos se vamos viver.

Esses dias tive um pesadelo terrível, pior do que os que eu tenho normalmente. Sim, eu sofro de pesadelos e tenho vários dos piores tipos. Mas esse foi péssimo. Eu dormia, acordava, dormia e entrava nele de novo. E acordei com os olhos grudados de quem chorou a noite toda, sabe? Pronto. E nesse pesadelo, sem detalhes, eu perdia a minha irmã e a minha cachorra. E tudo que eu pensava era que tinha passado pouco tempo com a minha irmã, que a gente se falava pouco, se curtia pouco, que eu não dava a atenção devida a Chica mesmo estando em casa, e que devia ter levado mais ela pra passear na praça ou correr na praia. E isso me deixou nervosa e até meio paranóica.

Porque ao mesmo tempo que queremos que o mês termine, queremos viver cada dia como se fosse o último. E queremos realizar tantas coisas, fazer tantas viagens, conhecer tantos lugares, comer tantas comidas gostosas, sair com aqueles amigos que sempre marcamos. É o paradoxo do tempo. Nós conseguimos deixar ele ainda mais relativo, porque ao mesmo tempo que queremos apressar a sexta-feira, queremos ter tido mais tempo com os amigos. Ao mesmo tempo que queremos o final do mês logo, queremos tirar da agenda aquela ida a um bar legal. Mas estamos sempre esperando aquele dia… Aquele, sabe?

Esse desabafo todo é porque chegou a sexta-feira, e vamos ver um monte de gente comemorando que hoje tem. E quando chegar a segunda-feira vamos ver pessoas tristes, pedindo que a semana passe rápido. Não essa, que é feriado, né? Mas em todas as outras segundas-feiras “normais”. Aí quando vê, acabou setembro. E o que você fez que fez a diferença na sua vida? O que você fez pra ser feliz? O que fez que te fez bem ou que fez bem para outra pessoa?

Vamos desacelerar, gente. Vamos parar de supervalorizar os finais de semana, o final do mês, as férias que nunca chegam. Vamos fazer dos nossos dias momentos mais com mais prazer, pra querer que cada um dure pra sempre. E se quando você lê isso você pensa que não tem tempo pra ser feliz porque está trabalhando demais ou ocupado demais, repense seu estilo de vida. Porque cada dia te oferece uma chance de ser inesquecível, e se você estiver pensando no amanhã pode não enxergar.

Bom dia, todos os dias.

 


o paradoxo dos relacionamentos


spring-awakeningQue manter relacionamentos saudáveis não é fácil, acho que todo mundo sabe. E eu falo de qualquer tipo de relacionamento, namoro, casamento, família, amigos, trabalho, tudo. Porque todo relacionamento é uma via de mão dupla, da qual você só tem controle sobre um dos lados. E é preciso ter cuidado e atenção o tempo inteiro durante o caminho nessa estrada.

Pra mim, a base de qualquer relacionamento se resume numa frase: não faça com o outro o que você não gostaria que fizessem com você. Parece simples, né? Mas nem sempre nos fazemos as perguntas certas na hora de tomar decisões, nem sempre nos colocamos no lugar do outro . E terminamos machucando o outro lado sem querer, e fazendo coisas que nos machucariam sem fossem feitas com a gente.

E outra coisa que é super importante nos relacionamentos, também se resume numa frase: não espere do outro o que você faz por ele. Claro, afinal, somos todos pessoas diferentes, que nos comportamos diferentes e temos diferentes formas de fazer as coisas. E não é só porque você faz tudo acreditando estar fazendo o melhor para o outro, que ele vai fazer o mesmo por você. E quantas vezes a gente se decepciona por criar uma expectativa baseada no que nós mesmos fazemos e queremos né?

Mas se a gente reparar, o paradoxo dos relacionamentos está justamente na junção dessas duas frases. Você faz com o outro o que gostaria que ele fizesse com você, mas não pode esperar que ele faça por você o que você fez por ele. Complexo, né? Eu acho. E é por isso que é tão difícil manter os relacionamentos sempre bem, felizes e satisfeitos. Porque algo nesse paradoxo foi feita pra dar errado. Aí nos desentendemos com nossos amigos, nossos pais, nossos namorados, nossos chefes, e sempre terminamos caindo no buraco da vitimização. “Porque ele fez isso comigo?!”. Mas já parou pra pensar o quão egoísta e egocêntrico é esse pensamento? As pessoas tomam decisões e fazem escolhas nas suas vidas pensando nelas, pensando no momento. O que faz você pensar que isso foi feito “por você” ou “para você”?

E quando nós conseguimos ter a consciência de todo esse cenário, passamos a entender melhor nós mesmos, os outros e os relacionamentos que se formam. Entendemos que não podemos responsabilizar o outro pelas expectativas que criamos e que não devemos nos colocar no umbigo do mundo e achar que as coisas são feitas pra que a gente sinta ou perceba algo. Parece simples, mas volta e meia esquecemos de algum desses pontos e metemos os pés pelas mãos. Então fica aqui essa reflexão. Vamos pensar mais sobre como agimos dentro dos nossos tantos relacionamentos cotidianos. É um exercício constante e diário. E não vamos desistir de tentar ser cada vez melhores, mesmo que os outros lados não nos acompanhem. Vamos agir com todo o coração, sempre. :)

Ilustração da alemã Catrin Welz-Stein


sobre ir contra, ou além, do esperado


Quando a gente passa por um momento de mudança na nossa vida, ele vira também um momento de reflexão e balanço, né? E se tudo isso for na virada do ano então, aí é que a gente começa a pensar, filosofar, colocar coisas na balança. As vezes esses pensamentos não duram nem até o carnaval, quanto mais virarem de fato resoluções para a nossa vida. Mas refletir sempre vale a pena.

Ontem quando eu vi o IdeaFixa compartilhando uma foto no Facebook e dizendo que essa seria a coisa mais linda que eu veria durante o dia, ao clicar eu tive que concordar. Era essa sequência de fotos que eu curti, compartilhei, enviei por e-mail, mandei para amigos e tudo.into the wildinto the wildinto the wildinto the wildinto the wildinto the wildinto the wildinto the wildinto the wildinto the wildinto the wildinto the wildinto the wildOlhando assim parece um lindo ensaio de uma garotinha européia com bichos selvagens treinados ou algo assim, né. Mas na verdade essa menina linda é a Tippi Degré, filha de um casal de fotógrafos franceses. Ela nasceu e cresceu na África, e não era uma turista de passagem. Os pais dela escolheram essa infância pra ela. Na natureza, com os animais, entre as coisas selvagens, cruas e verdadeiras. Na cultura local de onde ela nasceu.

Sim, essas fotos não são só bonitas. São verdadeiras, intensas e, porque não, intrigantes. Eu não estou aqui para dizer o que é certo ou errado. Mas pra pensar que, poxa, tem gente que faz diferente e isso pode ser lindo. Sinceramente, eu me emocionei com as fotos e sim, tive uma pitada de inveja dessa menininha. Como disse minha amiga Lu Aires, a gente já tem todo o sistema certinho na cabeça, mas tem tanta gente que vive fora dele.

E foi quando eu parei pra pensar e refletir sobre isso. A gente quer tanta coisa mas termina acomodado fazendo o “certo” que é estudar, se formar, trabalhar, ganhar dinheiro, casar, ter filhos. Muitas vezes somos felizes assim. Fazemos o que gostamos, convivemos com pessoas que gostamos. Mas talvez seja uma acomodação que nós gostamos. Se a gente parar pra pensar, acho que sempre queremos viajar mais, fotografar mais, comer mais, andar mais, se exercitar mais, cantar mais, sair mais, dançar mais. Sempre tem alguma coisa a mais que a gente gostaria de fazer e termina passando batido na nossa rotina de acordar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, dormir. E a gente se conforma com pequenas fatias de prazer que cabem num happy hour, num sábado ou numa viagem de férias de uns dez dias para um ano inteiro de trabalho.

E toda essa reflexão casou muito bem com um vídeo que meu amigo e chefe Maurício compartilhou, que questiona “e se o dinheiro não existisse”. E vai muito pelo lado de fazer mais o que se gosta e o que dá prazer.

Juntando essas duas reflexões, eu pensei que as vezes pra fazer o que realmente gostamos e queremos, a gente precisa sair um pouco desse sistema que estamos acostumados. Que herdamos de pai e mãe, e do vizinho, e das pessoas ao nosso redor. Porque tem gente indo contra e fazendo além. E sendo muito feliz.

Eu sei que eu vou terminar de escrever esse texto e voltar para a minha rotina diária. Mas com um pequeno espinho na minha cadeira que vai ficar me incomodando e me fazendo pensar “o que eu poderia fazer para ir além e ser mais feliz?”. E eu espero que essa reflexão ajude vocês a buscar a felicidade e, quem sabe, perder o medo de fazer diferente.

Bom fim de semana, gente. :)



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