sobre relógios internos e aquele tempo só nosso
O tempo é relativo, já dizia Einstein. Mas quando o grande gênio ditou nisso, acho que ele não estava pensando no nosso relógio interno. Sim sim, esse que bate bem aqui no meio do peito, sabe. Esse relógio que tem um tempo só dele. Só nosso.
Ontem eu li uma frase de um amigo que também bota pra fora essas verdades, Ciro Viegas.
E esse pensamento me lembrou de uma coisa que eu escrevi há quase dois anos atrás, que também falava desse tempo.
E tudo isso me deixou pensando sobre esse tal tempo. Quantas vezes nós desistimos por pensar que “é tarde demais”. Ou, pior, abrimos mão por pensar que “é muito cedo”. Que tempo é esse que pauta nossas decisões? Não é o mesmo tempo dos relógio e despertadores. É o tempo que bate conforme a música do nosso coração, e cada um tem o seu ritmo próprio.
É o tempo que vira remédio, quando sabemos que só vai curar quando ele passar. É o tempo que transforma ausência em saudade. É o mesmo tempo que para quando trocamos aquele olhar. Porque nem só de passar vive esse tempo. Ele também é um tempo que congela, que para e que podemos até emoldurar.
O tempo é esse que algumas vezes apenas assistimos, e que em outros tempos vivemos. É aquele suspiro de saudade dos bons tempos que não voltam mais, mesmo quando sabemos que bons tempos também estão por vir. É aquele cheiro, aquele gosto, aquele som que ficou no tempo e virou memória. Inesquecível.
E quando eu parei pra pensar sobre esse tempo, vi que ele tem mais perguntas e respostas do que eu posso pensar. E, no final das contas, a única conclusão que eu consegui chegar é que o nosso tempo, o mais importante, é o agora. Esse minuto. Esse compasso. Porque o tempo que já passou é a certeza que nós temos. O que ainda está por vir são as dúvidas intermináveis. E o agora, querido relógio, é o tempo que merece meu coração inteiro.