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sobre se apaixonar aos 30


Mariano Peccinetti

Meus trinta anos vieram mesmo pra mudar um monte de coisa na minha vida. Engraçado isso, porque não acho que tem exatamente a ver com a idade. Mas desde o meu aniversário no ano passado, que eu sinto que as mudanças estão mesmo acontecendo. Há quem diga que é o retorno de Saturno, a mudança de signo, o meio do céu. Não sei bem o que é. Mas a verdade é que dentro (e fora) de mim as coisas estão acontecendo.

Eu nunca fiquei muito tempo solteira na minha vida. Sempre fui de emendar um relacionamento no outro, desde muito nova. Dois ou três meses entre um namoro e outro, entre um casamento e outro. Sim, sou mesmo namoradeira. :P E, como tudo na vida, vamos aprendendo com os erros e acertos de cada momento, de cada pessoa, de cada fase da vida. E construindo novos relacionamentos com um alicerce cada vez mais firme.

Pouco tempo depois de fazer 30 anos, terminei um namoro de 3 anos e pensei: vou ficar solteira dessa vez. Não pela esbórnia da solteirice, que mal sei praticar (mentira), mas porque sentia que precisava de um momento mais sozinha, mais meu, mais eu. Eu tendo a me dedicar muito aos relacionamentos e às pessoas com quem me envolvo, e isso demanda muita energia de mim. Senti que precisava de um momento só comigo mesma.

Mas não interessa o que a gente quer, ou pensa que quer, ou queria querer. As coisas acontecem. Tem super lua em áries que acontece. Tem pessoas que aparecem e acontecem. E quando a gente vê, aconteceu. Mas é engraçado se apaixonar aos 30. Pelo menos pra mim, na minha vida e nos meus 30. É bem diferente. Especialmente porque eu não queria, não pensava, não esperava me apaixonar.

Se apaixonar aos 30 pra mim não teve aquela efusividade arrebatadora, não teve aquele frio na barriga, não teve aquela ansiedade. Não foi uma paixão desvairada. Teve um pouco de medo. “Será? Tão cedo? Tão rápido?”. Teve um pouco de dúvida. “Com ele? Será ele?” Mas teve a maturidade do deixar rolar. E eu que sempre achei que maturidade não rimava com paixão, vi que as coisas podem acontecer juntas. E que isso pode ser a chave da paixão aos 30.

É aquela paixão mais pé no chão do que cabeça nas nuvens, mas que entre isso ainda é tudo coração. É aquela paixão que vai se construindo, e não que simplesmente acontece de repente. É aquela paixão que se sente na falta ou no excesso da presença. É aquela paixão que faz planos e que faz acontecer também. É uma paixão presente. É encantadora. É linda. É firme.

Se apaixonar aos 30 tem uma magia diferente. Não é sobre ser melhor ou pior do que se apaixonar em outras épocas da vida. Não é menos intenso. Não é menos em nada. E posso dizer que é, sem dúvidas, uma das melhores coisas que aconteceram nesse meu tempo de mudança. Porque se apaixonar aos 30 é se redescobrir em um monte de coisa. Na cabeça, no corpo e no coração. O amor, o namoro, a parceria, tudo que vem depois disso, é outra coisa. E são ótimas coisas, que só melhoram. Mas a paixão, essa paixão, é diferente e maravilhosa.

Então, mesmo que esse “aos 30” seja aos seus 20 ou seus 40, 50… Eu desejo que vocês se apaixonem aos 30. Especialmente se for por alguém que se faz espelho, e reflete de volta esse sentimento tão gostoso.

Um brinde à paixão aos 30. Saúde!

Arte: Mariano Peccinetti


eu não preciso de você


Toda dependência é ruim. E precisar é uma palavra que carrega esse peso pra mim. Depender de algo ou de alguém é um pesadelo, sejamos justos. Nossa primeira fase na vida é totalmente dependente. Ou temos alguém pra ajudar, ou morremos. Precisamos da nossa mãe ou de alguém que faça esse papel. E cada conquista ao longo da vida é sempre rumo à independência. Pelo menos pra mim é assim. Desde pequena vendi as pulseiras de crochê que eu fazia pra poder comprar os chicletes sem pedir pro meu pai. Não queria precisar dele. Adolescente vendi os biscoitos de aveia que eu fazia pra poder pagar minhas farras sem pedir pra minha mãe. Não queria precisar dela. E assim vamos caminhando para o portão do “eu não preciso de você”.

Aí nos apaixonamos e sofremos aquele amor arrebatador, somos capazes de mudar o rumo das nossas vidas pra viver essa paixão, somos capazes de mover montanhas. Fazemos e deixamos de fazer tudo pensando no outro. Se brigamos o mundo cai, nada mais presta até se fazer as pazes. E então constatamos: eu preciso de fulano pra ser feliz. E quem nunca passou por isso? Seja no fervor da adolescência ou mesmo amadurecendo enquanto adulto, ou até mais velho, quem sabe? Mas o importante é passar por isso. Passar do verbo não passa mais. Passar de ir adiante e deixar isso pra trás. Não necessariamente o relacionamento, não é isso. Acredito que relacionamentos, especialmente os mais longos, tendem a ser vários namoros dentro de um só. As pessoas mudam, o relacionamento também. Então o que eu digo é que não podemos precisar de ninguém pra ser feliz.

Quando precisamos, dependemos. E quando dependemos, não temos opção. E não ter opção faz a gente viver aquilo de forma forçada, obrigada, e tem coisa pior do que você se sentir forçado a fazer algo por não ter outras alternativas? Mas isso não pode acontecer no amor. Ou melhor, quem sou eu pra dizer o que pode ou o que não pode acontecer no amor, né? Mas eu tenho a ousadia de dizer que se você quer ser feliz de verdade, não pode deixar o seu coração ser contagiado pelo vírus do “eu preciso”. Pra ser feliz com alguém é necessário, antes de tudo, ser feliz sozinho. Desculpa, poetinha. Mas é possível, e só é possível, ser feliz sozinho. Porque só assim vamos vislumbrar o outro com nosso coração inteiro.

Isso. Inteiro. Ninguém precisa de metade da laranja, gente. Ninguém pode ser metade. Só se é feliz quando se é inteiro, em busca de outro inteiro para, então, ser feliz a dois. Não virar um só, que coisa insuportável. Somos felizes nós dois, eu e você, lado a lado. E sempre com a opção de soltar as mãos e continuar sozinho. Só me importa caminhar ao lado de alguém que caminhe bem sem mim, porque sei bem que meus passos traçam qualquer caminho sozinhos, por mais tortuoso que seja. Se não for assim, tem um puxando o outro sem nem perceber. E, felizmente, a fase de precisar de ajuda pra andar já ficou pra trás faz tempo.

Posso dizer isso também de outras relações, vale pra todas. Meu relacionamento com a minha mãe, por exemplo, melhorou muito desde que eu saí da casa dela e cortei o cordão umbilical da dependência do mesmo teto. Passei a sentir saudade, a querer mais a presença dela, a querer estar mais em casa com ela, e valorizar mais esse tempo que estamos juntas. Porque eu não preciso. Eu quero. E quero, cada dia mais, estar mais junto dela.

Isso vale para o trabalho. Quando estamos trabalhando apenas porque precisamos daquele dinheiro no final do mês, ou porque devemos uma satisfação, ou porque não temos coragem de soltar as amarras e alçar nossos vôos solo, não rendemos do mesmo jeito. São aquelas pessoas que quando são questionadas “e se ganhar na mega sena?” a primeira coisa que responde é “não venho trabalhar mais”. Porque não tem paixão, não tem vontade. Tem só dependência.

E, claro, que isso vale para os relacionamentos à dois. Não precisar do outro é o primeiro passo para a felicidade. E quando, naquele balanço da relação que volta e meia nos pegamos fazendo, o “preciso” vier demais a mente, está na hora de repensar.

Não quero ninguém precisando de mim. Não quero precisar de ninguém. Quero estar por querer, por vontade, por desejo, por tesão. Quero estar por ser inteira, por querer inteiro, por acreditar que nunca seremos um. Seremos sempre dois unidos pelo amor e pela vontade.

Eu não preciso de você. E isso quer dizer que eu te amo.


desse carnaval eu quero o brilho


Desse carnaval eu quero o brilho

Da minha roupa colorida se esfregando no sobe e desce das ladeiras

Da minha maquiagem purpurinada

Dos olhares bêbados que cruzam as esquinas

 

Desse carnaval eu quero o brilho

Do sol quemando o juízo

Refletindo na tuba da orquestra

E nos corpos molhados do banho de mangueira

 

Desse carnaval eu quero o brilho

Dos fogos do homem da meia noite

Da explosão de papel picado

Das gotas de chuva espalhando as luzes

 

Desse carnaval eu quero o brilho

Das garrafas de batida

Das latinhas pra sacudir

Eu já falei papel picado?

 

Desse carnaval eu quero o brilho

Dos nossos corpos suados

Dos beijos molhados

Daqueles abraços safados

 

Porque o brilho do carnaval está mesmo no amor

No amor de carnaval que dura o ano inteiro

E quando fevereiro chega, ele ferve. E freva.

Junto.

 

Desse carnaval eu quero o brilho.

E fecha o olho que eu vou soprar.

eu quero brilho

Feliz carnaval!


eu não quero retrospectiva


Retrospectiva parece que tem uma pitada de rancor. É como se fosse remoer tudo o que passou, e eu não gosto disso. Eu gosto de fazer balanço, mas não de retrospectiva. Muita coisa que aconteceu tem que ficar lá mesmo, na página de 2014 que vai ser virada e pronto. Sem retroceder. De 2014 eu só quero um balanço, e que seja num ritmo suave.

Eu poderia dizer muitas coisas sobre 2014, sobre como minha vida mudou. Foi um ano intenso, eu diria. Conheci pessoas incríveis, lugares maravilhosos, novos sons, sabores e amores. Mas a minha maior surpresa de 2014 foi conhecer algo dentro de mim. Um sentimento novo ou uma face nova de um sentimento que eu não compreendia direito. E foi tão grande meu auto-conhecimento que eu ouso até discordar do mestre Tom Jobim quando ele diz que é impossível ser feliz sozinho.

É difícil se descobrir feliz sozinha quando se é inteira coração, como eu. Mas o primeiro passo acho que é separar o que é estar sozinho e o que é ser solitário. De solidão ninguém gosta. Eu diria que é impossível ser feliz solitário, talvez. Mas encontrar a felicidade sozinho tem a ver com individualidade, com espaço, com seu próprio caminho. É você conversar mais com você mesmo. Se perguntar, se responder, ouvir seu silêncio. É encontrar seu próprio caminho no meio de tantas dúvidas. Isso é valorizar a sua individualidade. E isso só se consegue valorizando o seu “eu sozinho”.

Esse foi um ano que eu conheci pessoas incríveis, me aproximei de outras que já conhecia, comecei um namoro, vivi rodeada de gente maravilhosa, pra minha sorte. E foi justo o ano que eu mais entendi o valor e a importância de ficar sozinha. Foi quando mais desejei uma noite em casa só com meus bichos. Foi quando mais fiz caminhadas longas suando e pensando. Foi quando eu mais escrevi e guardei só pra mim. Foi quando eu mais pensei em mim, de fato.

Engraçado isso até, porque sinto que foi um ano que ajudei muita gente. Seja só ouvindo, seja falando, seja estando junto. Foi um ano que me senti feliz por poder ser amiga de verdade de algumas pessoas, e estar junto quando elas precisaram. E acho que isso me ajudou a pensar mais em mim, nos meus planos, na minha vida, nos meus sentimentos. Quando você cuida do outro, você termina cuidando de você mesmo também.

Quando me perguntaram: qual é o seu maior medo? Eu respondi sem pestanejar: ficar sozinha. Sem dúvidas esse é meu maior medo. Mas não de ficar sozinha, de viver na solidão. Não suportaria viver me sentindo solitária pra sempre. Eu tenho muito amor aqui dentro, sabe? Sinto que tenho muita energia pra compartilhar, pra me doar. Não conseguiria uma jornada solitária de vida.

Mas o bom de se descobrir feliz sozinha é que isso diminui o medo, sabe? Deixa a gente mais feliz. Abre mais portas. E a gente para de se cobrar tanto. Ficar sozinha é importante e faz a gente crescer. Ninguém faz você amadurecer mais do que você mesmo, com sua busca pelas respostas. Nenhum conselho, livro de auto-ajuda ou grupo do whatsapp. Nada disso tem o que você precisa. Só um pouco de silêncio e a falta do medo de mergulhar em si mesmo. Porque as vezes dói, as vezes faz chorar, as vezes dá vergonha, as vezes emputece mesmo. Mas quando isso passa, é um alívio tão grande e tão verdadeiro que só quem sente é quem se permite fazer essa auto-terapia.

Talvez esse seja o último post de 2014. Talvez não. Mas acho que ele fecha minha mensagem de fim de ano.

Mais amor. Por você e pelos outros. Mas sempre primeiro por você. Sempre.

ANNA TERRA



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