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teatro (ou aquele tempo que não volta mais)


Ontem meu querido ex-professor de teatro, mas eterno mestre, Ricardo Mourão, postou no seu facebook fotos das suas turmas de teatro. E adivinha quem estava lá? Pois é. Fiz teatro por 8 anos da minha vida, sempre na escola mas nunca de brincadeira. Nossas oficinas eram ótimas, nossas aulas eram perfeitas e os ensaios uma bagunça, para o desespero de Mourão :P

Comecei a fazer teatro bem nova (para quem não reconheceu, eu sou a loirinha da primeira foto :P), para essas pequenas peças internas do colégio. Mas houve uma época que a peça de teatro era o momento mais esperado da feira de ciências do colégio, e chegava a reunir muitas pessoas no Teatro Guararapes, que é um dos maiores do país. Nossas peças tinham produção inteiramente nossa, desde a produção do texto até a produção do cenário, figurino, maquiagem e tudo, como vocês podem ver nas fotos da bagunça do camarim :P

Lembro como se fosse hoje a gente andando pelo centro da cidade para comprar material. Virando noite no teatro para produzir cenário. Desenhando maquiagens, figurinos, vendo trilha e efeitos de som. Era um envolvimento total. Perto da estréia da peça a gente passava o sábado e o domingo inteiro ensaiando, comendo cachorro quente na rua e voltando pra ensaiar. Era cansativo mas era um cansaço gostoso, afinal, estávamos com pessoas que a gente gostava e fazendo o que a gente amava.

Essas fotos são da peça Sanatório Geral, que era toda passada dentro de um hospício. Eu interpretava a professora Aurélia, uma professora maluca que só falava ditados populares errados e trocados. Me lembro como se fosse hoje que, a única fala correta da professora foi “o futuro, a Deus pertence!” e eu recebi uma salva de palmas em cena aberta, como a gente diz no teatro. Foi um dos momentos mais emocionantes da minha “carreira” :P

No teatro em fiz grandes amigos e aprendi muita coisa. Aprendi que desejar “merda!” e “quebre a perna!” era ótimo. Os exercícios de confiança e relaxamento eram excelentes, e até hoje eu sou grata a Mourão por tudo que ele fez por nós. Além de ser um excelente professor, Mourão sempre foi muito sensível e sabia nos passar essa sensibilidade, nos ensinava a aflorar os sentidos para perceber melhor o mundo. Se todos os professores de  teatro em escolas fossem feito ele, eu diria que todo mundo merecia fazer aulas de teatro uma vez na vida.

Por muito tempo eu pensei em fazer artes cênicas, mas a vida é cheia de curvas e me levou para a comunicação social. Coisa que, com certeza, foi aflorada pelas aulas de teatro. Hoje me resta a saudade, a admiração e a tatuagem que eu fiz para esse momento tão especial da minha vida :)

Mourão, obrigada por tudo, de coração. Turma do teatro, parabéns por tudo, de verdade :)


17 comentários sobre o assunto

Sei exatamente o que é passar por tudo isso! Fiz 4 anos de teatro na escola, mas também não foi de brincadeira =P
Participei de uns festivais também e passei pelo mesmo processo que você descreve: hooooras de ensaio geral e esse cansaço super gostoso!
Foi uma verdadeira lição de cidadania pra mim!

Que saudade…

Natália Pimentel

    teatro transforma as pessoas… é lindo :)

    Anna Terra

Eita, Contato velho de guerra! :-)

Filipe Levi

Pra mim foi a dança, que fez e ainda faz parte de mim. Ensaios entre gritos, palavrões e brincadeiras de Sue Holder. A mesma bangunça dos aborrecentes dançarinos (que incluia a propria Sue).
O aperto de saber que esse tempo não volta, mas a alegria de saber que nós o vivemos, o apreciamos e aprendemos a sermos melhores naquilo que amamos. Obrigada a eles que nos ensinaram.

Deborah Mattos

    eu lembro debbie! a dança nunca foi meu forte, eu nunca era aquela que ficava na frente da coreografia hahaha e eu lembro mto bem dos gritos de sue hahahah tempos bons :)

    Anna Terra

Era impossível não se sentir contagiado pela sua paixão. Na verdade, ainda é. Comecei a ajudar somente na produção do teatro (lembra que eu morria de medo de atuar?) com você.

Bons tempos que não voltam mais… Tempos de dúvida entre psicologia, artes cênicas, design e comunicação. Tempos de pouca responsabilidade, mas muita expectativa. Tempos de praia e docas; reggae e metal. Tempo dos amores complicados e dos sentimentos fervilhando. E das tatuagens também! (que, na época, ainda eram escondidas rs)
Tempos em que a gente se dava ao luxo de passar o dia junto fazendo nada.

Tempos que eu morro de saudade.

Obrigado, Amiga, por me lembrar de uma fase da vida que não teria sido tão boa sem você. Te amo.

fred

    eu lembro como se fosse hj tu me acompanhando em vários momentos do teatro, sempre na produção só pelo prazer de estar junto. sempre foi tão bom te ter por perto <3

    Anna Terra

Acho que todo adolescente que desperta uma veia artística torna-se uma pessoa mais sensível.
Espero que seu primo esteja melhor!
Xero

Pipa

    ah sim, tmb acho sabia? td mundo que se envolve com arte é mais sensível msm :)
    e meu primo já está em casa, por um milagre da vida…
    obrigada por perguntar :)

    Anna Terra

Eu sou aquela pessoa de canga na primeira foto.
Deus sabe o que eu estou fazendo com ela.
Hehehehehehe. Bons tempos.

Samara Fernandes

    menina! sabia nunca que era tu.
    gente, sou desmemoriada? =O

    Anna Terra

Anna, é preciso que algumas coisas sejam ditas. Só agora à noite pude ver com calma e a devida atenção o seu lindo post. Li, reli, li mais uma vez, passei meus olhos pelas fotos, senti suas palavras e deixei que me tomassem conta. Não era mais algo a ser lido, pode ter certeza. Foi e é um algo especial a ser plenamente sentido, com a doce lembrança de momentos felizes e marcantes de minha vida. Algumas pessoas se diferenciam por ver além por sentir além, muito além da fotografia, de uma mera lembrança. Algumas pessoas conseguem subverter o tempo e literalmente trazer de volta as emoções, as vivências, o aprendizado maior. Você me emocionou, mas isso não é uma novidade. Na minha pequeneza, na prepotência de tentar sensibilizar eu me flagro sempre aquele que mais recebeu, que mais teve a aprender, sempre. Nas minhas imperfeições, dificuldades, carências, amores, como todo e qualquer ser humano, eu compartilhei vida, uma vida vivida num átmo de tempo compartilhado. Os tolos me colocaram numa redoma. Os sábios me colocaram no chão, no mesmo patamar que eles! Poucos, minha querida, pouquíssimos mesmo conseguem ter essa sua visão. Não falo de agradecimento, não falo de exaltação de nomes, não falo da minha carência suprida. Nada disso. Falo de comunhão! Quando a gente comunga, a gente mais que partilha, mais que divide pra somar, a gente exalta o todo, o divino em nós, além das mediocridades, além das trivialidades tão banais. Por isso e por tudo eu sinto em mim essa existência do belo não como utopia, mas como uma realidade. A beleza não respeita estética como muitos preferem e/ou querem que seja; é um estado, uma vibração muitíssimo pessoal, além do físico, muito além dele.
Eu é que agradeço, porque agradecer é importante. É um reconhecimento que não pede recíproca. É, por si só! E de tanto não caber em mim mesmo cometi a indelicadeza, que cede ao meu orgulho e vaidade, de levar a publico, ainda mais, as palavras que me incluem mas não findam em mim. Você me fez mais feliz hoje! Não é todo dia, nem toda hora, nem todo alguém que o consegue! Por isso, ontem e hoje eu repito: Anna, obrigado! De todo o meu coração e com toda a minha verdade, muito, mas muito obrigado! Beijo!

Ricardo Mourão

    Esse comentário foi respondido pelo facebook, já que originalmente veio de lá :) o que posso dizer é que fiquei realmente emocionada com cada palavra do meu mestre. esse homem é incrível, gente.

    Anna Terra

Boa tarde!

estava lendo o seu blog hj pela primeira vez quando vi esse post, era muito boa mesmo essa epoca no contato, vc estudou la em qual ano???

eu quando morava em recife estudei no contato e o ricardo mourao sempre me convida pra fazer parte do grupo de teatro eu nunca aceitava, mais chegava perto da expo eu ficava super envovida com o teatro pois alguns amigos meus eram parte do elenco.

foi muito bom ver essas fotos

Andressa

    ah o contato era uma mãe :)
    me formei lá em 2003, estudei lá desde o maternal :)

    Anna Terra

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